PdMs aliados dos PdJs

Diversão para mestre e grande ajuda para os jogadores

por Filipe Lutalo

Vários RPGs de mesa possuem regras que descrevem aliados, dependentes e inimigos para os Personagens do Jogadores (PdJs). Usá-los com criatividade podem deixar a aventura mais interessante e dar ao mestre o gostinho de estar do outro lado do escudo.

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Aliados, dependentes e inimigos são personagens controlados pelo mestre ou narrados, mas que possuem uma ligação muito profunda com os personagens dos Jogadores. Em sistemas como o GURPS e Vampiro, os jogadores podem investir alguns pontinhos de criação de personagem para adquirir esses NPCs para ajudá-los ou atrapalhá-los, caso os adquiram como
inimigos e dependentes.

Podemos encontrar vários exemplos na literatura e em RPGs eletrônicos. Lembram-se de Fawkes, o supermutante de Fallout 3? E por que não citar Kormac de Diablo III? Os dois são exemplos de aliados que, além de úteis, ganham os corações dos jogadores (ganharam o meu). Nas minhas aventuras de GURPS FANTASY, Derfel Cardan, um frei franciscano, ex-combatente e o gnomo Baltazar, que tinha uma mistura explosiva alcoolismo e jato de chamas e mágicas de cura se tornaram muito queridos pelos jogadores.


Motivação

Ela determinará como os PdMs se envolverão na aventura. Não vale ser: “Jim é meu melhor amigo”. A amizade é importante, mas precisamos de algo um pouco mais forte. Quem sabe, o aliado encontrou a sua casa toda revistada e isso aconteceu depois que ele recebeu a incumbência de levar uma carta selada do barão até o duque. Ele pede ajuda ao seu amigo, que é o PdJ para escoltá-lo.

No sistema GURPS, aliados, dependentes e inimigos aparecem de acordo com frequência que o Jogador comprou. Em campanhas longas, o mestre pode fazer a jogada de frequência por sessão. Eles podem aparecer raramente ou praticamente o tempo inteiro. Se o mestre dar a eles motivações no mundo do jogo, quando eles estiverem disponíveis, serão mais reais e contribuirão para a aventura.

Personalidade

A personalidade dos PdMs são um destaque. Já falei um pouco aqui. Dê ao PdM aliado, dependente ou inimigo uma personalidade marcante. Algo que cative os jogadores. Baltazar, por ser um gnomo era amável e sarcástico. Essas duas características permitiam a ele tirar muitas rizadas na hora de interagir com os PdJs.

Um dependente que seja uma criança pode ser teimosa e ingênua. Thorfinn, um garoto de seis anos, filho de Thors Snorresson na série Vinland Saga, embarca escondido no navio rumo a guerra. Thors passa a se preocupar com o filho que deveria ter ficado na Islândia.


Utilidade

PdMs precisam ser úteis para os PdJs. Personagens inúteis podem ser bastantes frustrante para aqueles jogadores que dispenderam alguns pontos para ter um aliado. Mesmo os dependentes precisam ter alguma utilidade no jogo para que os PdJs queiram protegê-los. Essa utilidade pode ser uma habilidade de combate, como as mágicas de cura e o jato de chamas de Baltazar, ou algo social. Frei Derfel conseguia donativos para o grupo que variavam de um lugar para se hospedar sem ter que gastar nada ou um pão para o jantar.

Ressalto que os personagens principais da aventura são os PdJs. As habilidades dos PdMs não podem roubar a cena. Elas precisam contribuir na aventura trazendo algo relevante, sem ofuscar os PdJs.

Aliados, dependentes e inimigos em combate

“Rola a iniciativa jogadores”. Porrada para todo o lado, mas o PdM não faz nada? Às vezes, o mestre esquece que o PdM está na cena de combate e ele fica vários turnos sem fazer nada. Isso é muito frustrante.

Cabe ao mestre interpretá-lo e utilizá-lo como um verdadeiro PdJ. Deferindo golpes, tentando se salvar e interagindo com os demais PdJs. Baltazar sempre guardava uma magia de cura para quando alguém sofria um golpe. Mesmo um dependente pode ser útil. Ele fica de longe arremessando algo ou, por ser um jovem impetuoso ele vai para linha de frente da batalha, o que obriga o PdJs tutor a se preocupar com ele.

Durante a batalha, sempre faça as jogadas abertas, como se fosse para um PdJ. Isso aumentará as tensões na mesa e mostrará aos jogadores que o PdM está do lado dos PdJs. Eu adorava esse momento, pois o aproveitava para me sentir como parte do grupo de aventureiros tentando derrotar o inimigo comum.


Ficha de personagem e miniatura

O sistema GURPS recomenda que o mestre construa uma ficha para os PdMs aliados, dependentes e inimigos. A ficha facilita a interpretação pelo mestre e retem todos os detalhes daquele personagem. Faça-a.

Outra dica é separar uma miniatura para esses PdMs sempre que usar um mapa de combate. Os PdJs possuem miniaturas escolhidas pelos jogadores. Faça o mesmo para esses PdMs dependentes, alados ou inimigos. Se tiver um artista no grupo, você pode criar uma miniatura de papel ou um token para eles, com identidade própria. O apelo visual da miniatura criarão uma conexão com o grupo.

Evolução do personagem

Esses personagens podem evoluir junto como os PDJs, desde que não firam as regras do jogo. Um PdM, alidado ou dependente, pode aprender novas perícias ou aumentar seu nível de habilidade básico com horas de treinamento. Ele pode ter adquirido um item mágico na aventura que o deixará mais proficiente. Quem sabe o Jogador que possui o dependente não decide pagar parte da desvantagem para deixar seu companheiro mais proficiente. A ideia é permitir uma evolução, tanto em história quanto em habilidades para que os jogadores percebam que o PdM é uma peça participativa no jogo.


Muitos artigos e livros de RPG falam que interpretar bem um PdM é a chave para se criar um engajamento dos PdJs. Com essas dicas, tenha certeza que os jogadores olharão para esses personagens incidentais com outros olhos e muitas vezes, poderão até dar a suas próprias vidas para salvar o PdM no mundo do jogo. É uma ótima oportunidade para que o Mestre se sinta como um jogador, controlando uma ficha e interpretando um personagem como se estivesse na pele de um jogador.



2 comentários:

  1. Tem mestre de jogo que gosta de criar um NPC como avatar de um personagem dele mesmo (o que me lembra de um grupo com que joguei que tinha como esporte tentar sabotar e causar a morte desse personagem do mestre durante as aventuras, hahaha). Pessoalmente eu gosto de criar esses personagens com uma abordagem próxima aos companions que vemos nos video games, de maneira a criar vínculos com os personagens dos jogadores e enriquecer ainda mais a campanha para além da trama principal.

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    1. Mike, sim! Gosto muito como os RPGs eletrônicos apresentam os personagens coadjuvantes. Dão ótimas ideias para as interações sem roubar a cena dos PdJs.

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