Recado RPG


Colecionei Quatro anos dessa história

Por Filipe Lutalo

Na década de 1990, um dos meios de divulgação de RPG era a revista Dragão Brasil. Entretanto, outro meio que chegava por mala-direta nas casas dos jogadores era o Recado RPG.

O Recado RPG era uma publicação em folheto da editora Devir. Através dele, a editora mantinha uma comunicação com os jogadores e leitores de seus produtos. Geralmente, era editado em quatro páginas, formato A5 e preto em branco.

A redação do Recado RPG trazia matérias sobre eventos de RPG em todo o Brasil, RPGs lançados em português, RPGs importados, chamadas para autores e para mestres atuarem em evento. A jogada de marketing da Devir assemelhava-se as Newsletter que recebemos por e-mail atualmente.

A minha primeira edição é o Recado RPG nº001, lançado em julho de 1997. A matéria de capa, intitulada Algumas Percepções sobre o V EIRPG, trazia opiniões de participantes do encontro. Michael Mulvihill, editor da Linha do Shadowrun na época, assinalou que havia aprendido muito sobre o jogo (RPG) e ficou impressionado com a efervescência da cena brasileira.

Foto: RPGames Brasil. Reprodução do Recado-RPG Nº001 07/97

Outro depoimento interessante foi de Michael Safady, um dos finalistas do campeonato brasileiro de Magic. “Tá lindo! O Magic desse lado, o RPG daquele e as associações naquele canto. Tudo separado. E não tem aquele vento nas costas que no ano passado deixou metade dos jogadores com gripe.”

Na coluna RPG em Português, a Devir informava ter publicado até julho o Livro de Clã – Toreador, Guia do Jogador de Lobisomem, Livro de Tribo Fúrias Negras, GURPS CONAN e Caçadores Caçados. Além disso, anunciava para o mesmo ano a publicação do Livro de Tribo Roedores de Ossos, Livro de Tribo Filhos de Gaia, Mago: a ascensão e GURPS Tredroy.

Na coluna de livros importados fazia um pequeno review sobre o RPG Myrmidon Press, Werewolf Wild West e Changeling 2ed. Para finalizar, anunciava a busca da White Wolf de novos escritores. Isso mesmo, quem desejasse poderia enviar seus textos para a editora e ter um suplemento publicado. Alguém lembra do dos livros de cidade para Vampiro?


A Devir sabia que no mercado, quem não mostra o seu produto não vende. Além de publicar os livros de RPG, ela organizava eventos, divulgava os livros da sua linha editorial e mantinha um contato direto com o público. Não é a toa que ela se tornou hegemônica na década de 1990, publicando RPG em língua portuguesa no Brasil e no mundo.




8 comentários:

  1. Que bacana. Não conhecia esse folheto.

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    1. Bacana mesmo, não é Carlos? Eu tenho registro dele até 2001. Com a popularização do e-mail e da internet, acredito que ele passou a ser desnecessário. Ficou apenas a saudade!

      Obrigado pelo comentário.

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  2. Tb me amarro nesses registros históricos da cena RPGística! Outro dia comprei uma Universo RPG num sebo só por conta de uma matéria falando sobre o 1o Encontro Mineiro de RPG. Coisa de um ou dois anos antes de eu começar a jogar.

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    1. José a cena brasileira tem muita história. Acho que o 1º Encontro Mineiro de RPG aconteceu em 1994, correto?

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  3. Acho bem legal esse tipo de resgate histórico.

    Curioso o comentário do Mulvihill, lembro que na época sempre surgiam comentários sobre os convidados internacionais dos eventos falando de como o jeito brasileiro de jogar RPG era diferente do que eles estavam acostumados e ficavam maravilhados por isso.

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    1. Mike, muito curioso, não é? Cada povo tem sua cultura e forma de se relacionar com o jogo. Um amigo que mora em Portugal, comentou que lá eles tem aversões a tradução. Interessante, não?

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    2. Sim, bem curioso. Eu até entendo sobre esse ponto de vista... Depois que li um texto do Schopenhauer minha visão sobre tradução mudou definitivamente. Mas isso é pra quem é mais caxias, a gente não pode confundir a nossa forma de consumir conteúdo com algo tão necessário para a difusão de informação e cultura que é a ferramenta que a tradução representa.

      As vezes eu até prefiro ter acesso a ambos os formatos, original e traduzido.

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    3. É uma ótima forma de escapar dos vícios de tradução.

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