Sangue Azul (parte I)

Dicas para intertpretar a elite da sociedade feudal
(por José Noce)

Muitas vezes, achamos que a nobreza não passa de um bando de riquinhos metidos a besta. Isto pode ser verdade, mas os nobres desempenham um papel importante na sociedade feudal.

Nobre é um termo muito amplo e não define com clareza toda a classe. Só serve para diferenciar quem manda de quem obedece. Um nobre pode ser desde um cavaleiro sem terras até o próprio rei. Uma das diferenças está na posição que o nobre ocupa na sociedade. Isso define os seus direitos e deveres. Outra diferença é a responsabilidade, que aqui, tentaremos definir através de arquétipos.

A Hierarquia Feudal

Como dito, a posição de um nobre irá definir o seu papel na sociedade. Os títulos de nobreza são passados através da herança, mas ainda há uma chance – por mais que seja mínima – de um plebeu elevar-se socialmente. Quão mais alto um nobre estiver na escala social, maior será o seu poder. Porém, na teoria, maiores também serão os seus deveres, mas na prática acontece o oposto.

A maioria dos nobres mostra pouco interesse pela sorte de seus vassalos, em especial a plebe. Mas isto não se deve unicamente a uma atitude egoísta. Em geral, a nobreza está totalmente entretida em assuntos como guerras com feudos ou reinos vizinhos, conspirações e intrigas da corte. Ou seja, estão tentando o tempo todo livrar os seus pescoços ou procurando algo para tirar proveito. Por isso, quase sempre só irão se preocupar com seus servos e vassalos quando estes estiverem a bater na sua porta com tochas e forcados.

Eis aqui exemplos sobre as funções de algumas classes da nobreza:

Cavaleiros: constituem a classe mais “baixa” da nobreza. Em geral, não possuem terras. Mas são, antes de tudo, a elite de combatentes de um senhor feudal. Eles podem ser os comandantes de regimentos militares a serviço de um nobre menor. Podem ser simples servos de um senhor ou então membros de uma ordem de cavalaria, sendo esta monástica – a serviço de uma religião – ou secular – a serviço de um senhor feudal.

Barões: são os responsáveis por cultivar as terras do reino. São eles que gerenciam a produção de alimentos, assim como a sua comercialização. Através de vassalos leais – ou nem tanto. Os barões controlam o trabalho dos camponeses que aram os campos. Em reinos mais desenvolvidos, eles podem também atuar comandando a produção e comercialização de manufaturas, como tecidos, vinhos, ligas metálicas e outros produtos do gênero. Outra função dos barões é a de arregimentar e manter o exército local para garantir a lei, a ordem e a segurança do feudo.

Condes e Marqueses: são os responsáveis por costurar a trama política de um reino. Eles atuam como diplomatas, resolvendo conflitos políticos, comerciais e conciliando interesses. Podem atuar a favor de um reino, um rei ou ainda a favor dos seus interesses pessoais, por detrás dos panos. Em geral, a esfera de ação dos condes é dentro dos limites do reino, resolvendo problemas internos. A diplomacia internacional, por sua vez, fica a cargo dos marqueses.

Duques: encarregados de defender as fronteiras do reino, os duques são o braço armado do mesmo. Quando a diplomacia não obtém resultado, os duques são convocados para guerrear contra os inimigos e ameaças internacionais. Além da defesa, a expansão do reino também passa pelas mãos dos duques. Eles possuem ainda a reponsabilidade de arregimentar entre os barões as tropas que lutarão ao seu lado. Dado o alto poderio militar que possuem, são temidos e respeitados pela nobreza em geral. E até mesmos os reis costumam manter os olhos nos seus duques. Muitas vezes, príncipes também atuam como os duques, defendendo as divisas do reino. É um bom treinamento de herdeiros reais. Outros príncipes que não sejam herdeiros diretos do rei também se põem nesta função. É o que lhes resta e muitos aproveitam o poder acumulado como duques para conspirar contra seus irmão mais velhos.

O Rei: dotado de poder absoluto, o rei comanda a tudo e a todos em seu reino. Ele cria as leis que deverão ser seguidas por seus vassalos e as suas decisões são inquestionáveis. Rebelar-se contra o rei é um crime punido severamente, quase sempre com a morte, até mesmo para um duque.

O Que os Nobres Têm em Comum

Apesar destas diferenças, todos os nobres têm responsabilidade de defender os seus domínios. Eles vivem do produto de suas terras, cultivadas por seus servos. Por isso, é necessário supervisionar os seus campos, moinhos e silos de armazenagem. Eles governam seu feudo e resolvem as disputas legais, ouvindo os pedidos e queixas dos camponeses. Arrecadam os impostos. Outra questão importante é o treinamento e manutenção dos seus homens-de- armas. E, por fim, todo nobre pode ser convocado para lutar ao lado do seu senhor feudal ou fornecer tropas a qualquer momento.

Alguns nobres contam com servos leais – chamados senescais – para gerenciarem tais coisas enquanto estão fora. Do contrário, deixam isso a cargo de sua esposa ou do seu herdeiro.

Aproveite e leia Sangue Azul (parte II).

6 comentários:

  1. Gilberto Dorneles da Rocha18 de novembro de 2013 às 19:44

    Naquela época eles tinham acesso a alimentação melhor, uma das consequências era nobres serem mais altos que a média, podendo ser justificativa para dizer ser melhores.

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    1. Não posso afirmar com certeza, mas creio que a expressão "gente baixa", usada para vulgarizar alguém, vem desse fato.

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    2. Bem José, nesse caso eu realmente, desconheço. Deixo para os profissionais de História e Letras se pronunciarem.

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